Rubens Ewald Filho fala sobre Rourke/The Wrestler

domingo, 18 de janeiro de 2009


O crítico que apresenta o Oscar no Brasil, fez uma crítica ao filme The Wrestler em uma coluna no UOL Brasil. Clique no "+" para ver.

O caso Mickey Rourke

Não podemos esquecer que o cinema nasceu como uma diversão de feira, de parque de diversões. Que o Nickelodeon de Thomas Edison apareceu nas cidadezinhas ao preço de um níquel, disputando o espaço junto com a mulher barbuda, o anãozinho, a bailarina, o homem forte. Era um espetáculo eminentemente popular e não para ser levado a sério. Obviamente, era um freak show - quem puder, assista ao filme "Freaks", de Tod Browning, um dos mais impressionantes da história do cinema. Assim será mais fácil entender porque até hoje o cinema não se distanciou muito disso, quero dizer, do truque fácil do circo, do público que deseja ser enganado. Como dizia Barnum, o criador desse tipo de espetáculo, em bases mais industriais.

O cinema não começou como arte e, até hoje, com freqüência, retorna a essas raízes. Como neste "O Lutador", que aborda o mundo da luta livre, que é um universo paralelo do boxe, só que mais brega, mais circense, mais carnavalesco. O grande mérito do filme é que, embora esse dito esporte seja muito popular nos EUA, e já tenha tido seu momento no Brasil, ele é confessadamente "fake", ou seja, ninguém luta de verdade, tudo aquilo é encenado, coreografado como quase uma dança violenta. Isso não tira o mérito atlético deles, dos lutadores porque mesmo tomando cuidado, eles têm que ser fortes e treinados e preparados para suportar tudo aquilo.

Mas os poucos filmes que abordaram o assunto antes tratavam tudo como comédia, como piada. Daí o mérito do trabalho do diretor Darren Aronofski - reconhecidamente um homem inteligente, como demonstrou no difícil "Pi" e em "A Fonte da Juventude".

Embora em momento nenhum admita que tudo aquilo é mentiroso, nem tenha qualquer pretensão em denunciar qualquer coisa, sua opção foi mostrar aquele mundo pelo ponto de vista de um lutador decadente, quase patético, no fim de carreira - recurso muito usado em dezenas de filmes de boxe. Também mantém a dignidade deles, nunca os deixa cair na caricatura, sempre respeita as figuras como seres humanos. E, a bem da verdade, o filme não daria certo com outro ator a não ser Mickey Rourke. Imagine, por exemplo, Dwayne "The Rock" Johnson, no lugar dele.

A questão a discutir é se Mickey é o personagem ou o ator. Como Hollywood adora um retorno, fica difícil separar as coisas. Mas nós vimos a criação e a destruição do mito. A primeira vez que se falou em Mickey foi como coadjuvante em "Corpos Ardentes", que revelou tambem Katheleen Turner, William Hurt e Ted Danson. Um dos filmes mais eróticos já feitos pelo cinema americano.

Fonte: Portal da Luta Livre


1 comentários:

J.G disse...

ver algm falar de wrestling sem conhecer eh de chorar

 

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